Um dia, o rouxinol de asas tortas voou para longe, deixando à borboleta, recém saída de seu casulo, apenas duas músicas cifradas, um poema e um sentimento pungente.
Foi o inferno daquela borboleta colorida,
que aprendeu a se defender desde então.
Matou amores no útero e foi algoz.
Sublimou sentimentos promissores e tornou-se implacável, transformando primaveras inteiras em invernos terríveis para muitos beija-flores. A borboleta então, colocou seu coração para hibernar e, após algumas estações amenas, acalentou um sentimento suave por quem acolheu-a com toda sua placidez de outrora e restaurou uma parte quebrada de seu coração utilizando pedaços de uma das suas coloridas asas.
Hoje, ressurgindo da poeira da sua infeliz jornada, o rouxinol, que matara a fé da borboleta em sentimentos profundos e intensos, em processo voraz de sedução, cobiça a retomada do fragmento restaurado do coração da borboleta e, desconhecendo a natureza escorpiônica dos instintos da pequena, ilude-se.
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