sexta-feira, 13 de abril de 2018

Ele e ela

Ele sabia fazer com que ela se sentisse importante.
Ela sentia-se acolhida.
Ele não dizia nada, mas enviava muito amor.
Ela sabia.
Ela também o amava, mas não havia mais espaço do que já ocupava.
Amava sem dizer.
Amor tranquilo...
Que a enchia de paz e bastava.


Eles me tratam


Eles me tratam...

O aparelho digestivo, a cabeça, o coração, a alma...

O que um dia não foi digerido ou filtrado virou nódulo no fígado, ou foi a espada dos tempos em que fui soldado, ou o excesso de álcool da adolescência...
Ok... Não bebi tanto assim.
O fígado já dava sinais de sensibilidade desde minha infância...
O sangue que saiu pela minha boca. O médico.

O refluxo... A insistência em não manter dentro de mim o que me fere, magoa, ressente...
Devolvo tudo ou recuso-me a receber.
A cabeça... Guardando memórias tão antigas, de outras vidas até!
 O nódulo que entope o circuito oxigenante do cérebro.
Pensamentos que um dia insisti em manter latejantes, dolorosos...


Escolhi. Desencarne indolor, sem desgaste físico e emocional.
Nada de despedidas longas. Sinto energias!!
Seria meu fim em vida, um verdadeiro calvário.
Optei pela morte imediata, durante o sono.
Sozinha em um quarto meu, novo, bem decorado, sem as crianças ao lado...
Preferia que fosse durante uma turnê, após uma música emocionada, à vista de milhares de pessoas... Seria dramático!! Inesquecível!! Mas se lembrariam de mim assim, não como vivi, mas como desencarnei.
Porém... Os mortos sentem as lembranças, as energias enviadas... O apego... Eu sei!!!
Encaminhei dezenas!!!
Imagine eu que já sinto isso tudo em vida...
Pensamentos, energias, sofrimentos, dor alheia.
Quando é destinado à mim dói mais, sangra-me, entontece-me...
Já testei. Contei para poucos e já doeu.
Chorei a dor alheia por mim.
Emocionei, fiquei tonta... Passei mal.
Não quero isso!!
O desencarne será complicado nesse sentido.
Sentir isso duplamente??
Não!!!

Ficou decidido. Os médicos espirituais curam meu fígado.
Meu anjo aplica fluidos energéticos pra me manter com o cérebro fluindo, até o quarto ficar pronto, lindo, decorado e até os últimos acertos da vida.
Dura e sofrida essa informação privilegiada?
Um privilégio!!  Mas tem suas perdas... O apego. O sentir da dor alheia...

A ansiedade... Como uma criança às vésperas de uma excursão.
É como se eu tivesse recebido uma proposta para trabalhar em outro país lindo magnífico e sensacional em tudo, desenvolver, evoluir e prosperar, para ajudar a humanidade inteira e não pudesse levar nada ou ninguém. Encontrarei por lá minha alma gêmea que tem me acompanhado dia a dia invisivelmente, durante todo o meu sempre. O amor pleno e verdadeiro sem as complicações daqui.
Estou indo... Falta pouco...
Aceito abraços, amor, gentilezas e até presentes, presenças...
Aceito suas palavras, sua sinceridade absoluta.
Aceito as boas lembranças.
O que você não me disser agora, nunca saberá se eu soube.
Achará que não me amou o suficiente...
Lembrará do tempo que não me dedicou.
E nunca se esquecerá do meu sorriso, que carregarei até o fim.
Pode me enviar girassóis.
Ou pensar neles depois como se estivesse me entregando.
Receberei onde eu estiver.
Pense em mim com carinho, envie luz.