segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

PRESENÇA

Ainda que não seja possível o toque,
a presença se faz constante quando o coração é cativo.
Cativo por vontade própria,
sem compromisso expresso e
sem necessidade de fazer moradia conjunta.
É presença quando em momento algum se faz ausente em meu espírito e quando caminha comigo enlaçado pela alma como se déssemos as mãos.
Quando penso, responde-me com tamanha  clareza que o que é dito, ainda que sem uma palavra sequer, flui doce ao meu coração que permanece assim inebriado.
Posso concordar que é preciso deixar-te ir para que nos mantenhamos presentes.
Paradoxalmente, a ausência física fortalece a presença espiritual.
Longe das rotinas que se fazem impróprias ao amar intenso e inoxidável.
Longe das cobranças vazias daqueles que se prendem por limites sociais impostos e previstos.
Longe das regras afetas aos que buscam segurança, mas que perdem a ternura do deixar-se ir e vir livremente nas imprevisibilidades da vida.